GUERREIROS CRISTÃOS

ANO 1242 - OLMUTZ (ÁUSTRIA)

Corria o ano de 1242 e as vitoriosas hordas dos tártaros, comandados por Beda, invadiram a Silésia.

Venceslau, rei da Boêmia, havia confiado a defesa do marquesado de Moravia ao nobre Jaroslav de Stersberg, e este à frente de oito mil boêmios, aos quais se juntaram quatro mil combatentes da nobreza moravia, ocupou Olmutz, decidido a combater até à morte.

Logo Olmutz foi cercada de todos os lados por um exército números, e os bárbaros, para atemorizar os sitiados, arrastavam até as muralhas as cabeças das vítimas que imolavam por todas as partes. Aquele espetáculo não fez mais que estimular o valor dos defensores de Olmutz, que ardiam no desejo de vingar seus irmãos. Mas Jaroslav julgou prudente moderar a indignação de seus homens e esperar uma ocasião favorável para cair sobre os sitiantes.

Não tardou ela a se apresentar: os tártaros, vendo a aparente inação dos sitiados, tomara-na por covardia e se entregaram â moleza e â libertinagem. Jaroslav creu chegada a oportunidade quando os viu vagar separados e em diversas direções para se proporcionarem víveres e reunir um grande motim.

A empresa, não obstante, era arriscada, e Jaroslav quis assegurar a proteção do Céu. No dia de São João Batista, o valente guerreiro foi com suas tropas à Igreja de Corpus Christi e ali purificou sua alma com uma fervorosa confissão, recebendo, ademais, o Corpo do Senhor.

Capitães e soldados seguiram, o exemplo de seu chefe; e Jaroslav, vendo-os alimentados com o Pão dos fortes, dirigiu-lhes eloqüentes palavras, recordando aos valentes guerreiros o que deviam a sua Pátria, a sua santa fé e à Igreja Católica.

Depois deu ordens para que tudo estivesse pronto na noite seguinte. Chegada a meia noite, soou o sinal convencionado a Jaroslav, com seus soldados, se pôs em marchas.

O número dos bárbaros não os espantava, pois iam combater em nome do Senhor. Ou melhor, o próprio Senhor dos exércitos acompanhava pessoalmente os guerreiros cristãos.

Com efeito, na véspera, quando o exército enfileirado junto ao altar recebia o Pão dos Anjos, ficaram na âmbula cinco Hóstias consagradas. Jaroslav se lembrou da Arca da Aliança, que de acordo com as ordens de Deus precedia aos israelitas no combate, e quis levar consigo na batalha aquele sagrado penhor da vitória, mais poderoso que o tabernáculo do Antigo Testamento, e fez com que as santas hóstias, cuidadosamente guardadas num precioso cofrezinho, fosse conduzida na frente dos combatentes por um sacerdote montado a cavalo.

Começou a luta. Seguros da vitória, os soldados de Jaroslav se precipitaram sobre as sentinelas bárbaras e as passaram a fio de espada; degolaram os avançados inimigos que se haviam entregado a um profundo sono, e invadiram o próprio acampamento dos bárbaros, os quais entregues à embriaguez, só se deram conta da presença de Jaroslav quando a mortandade já era espantosa.

Aturdido e sobressaltado Beda pelos gritos de alarde, quis restabelecer a ordem e dispor-se para a defesa, mas em todos os lados tropeçava em cadáveres dos seus, e logo tombou diante dos formidáveis golpes de Jaroslav, com quem lutou corpo a corpo. Houve, durante muitas horas, uma terrível carnificina naquela multidão de bárbaros.

Por fim, Jaroslav conteve seus cansados soldados. A morte havia causado muitas baixas, mas Olmutz e a Moravia estavam salvos; porque os tártaros, aterrados com as perdas, tinham fugido até ganhar a Hungria.

E aconteceu que, ao chegarem a Olmutz os batalhões vitoriosos, as sacrossantas hóstias apareceram rodeadas de uma auréola resplandecente, de cor de sangue, como para dar público testemunho de que Cristo se havia posto do lado dos valentes guerreiros, e por eles tinha combatido contra os inimigos de Seu Nome.

("El Pilar", ano XXI, nº 1035, Zaragoza, 13 de junho de 1903 - G. Ott, Wunderbare Begebenheiten, p. 193)

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