Querido/a leitor/a de mundo de missão
Eu gostaria de partilhar um pouco do que tenho vivido no trabalho com a juventude aqui do Guamá, um dos bairros mais violentos de Belém. O que dizer? De tantas coisas que pude ver, ao longo de pouco mais de dois anos e meio por aqui, partilho aquilo que consegui colher da aprendizagem nesta missão tão bela e tão exigente. Bela, pela alegria, vivacidade, ousadia, disponibilidade e desejo de solidariedade que os jovens possuem. Exigente, por pedir de mim muito preparo e firmeza diante dos desafios que a sociedade impõe a todos nós e, de modo particular, aos jovens.
Como todos imaginam, a realidade social daqui, infelizmente como tantas outras do país, é extremamente difícil devido ao cotidiano de violência e de drogas, e também porque o jovem, hoje é diferente daquele que, há algumas décadas, fazia parte de uma sociedade mais solidária. Estar no meio dos jovens, hoje, exige paciência, prudência e sensibilidade para saber lidar com os sonhos e fraquezas que habitam o mundo de cada um. As fragilidades emocionais e afetivas em que muitos vivem também constituem um desafio a quem se aventurar a mergulhar no seu interior,repleto de ruídos.
Como todos imaginam, a realidade social daqui, infelizmente como tantas outras do país, é extremamente difícil devido ao cotidiano de violência e de drogas, e também porque o jovem, hoje é diferente daquele que, há algumas décadas, fazia parte de uma sociedade mais solidária. Estar no meio dos jovens, hoje, exige paciência, prudência e sensibilidade para saber lidar com os sonhos e fraquezas que habitam o mundo de cada um. As fragilidades emocionais e afetivas em que muitos vivem também constituem um desafio a quem se aventurar a mergulhar no seu interior,repleto de ruídos.
Ociosidade, crimes e preocupações
O numero de gente desocupada em Guamá é muito grande. Todo dia e o dia todo encontramos dezenas de jovens sentados nas esquinas, sem boas perspectivas de futuro. Muitos concluem o ensino médio e obtêm emprego no comércio ou se ocupam com trabalhos informais; um numero reduzido consegue cursar a universidade ou faculdade; outros,enfim,sem estudo,bandeiam-se para a vida de pequenos furtos.Em 2011, a pedido do Pe. Nello Ruffaldi, missionário do PIME, começamos a auxiliar menores infratores de um dos vários centros de “recuperação” de menores na periferia de Belém. Constatamos a quantidade de adolescentes e de jovens que estão nesses centros porque já cometeram crimes terríveis. Muitos vieram de nossa vizinhança.
Em vista desta realidade, os jovens engajados no trabalho paroquial se esforçam para permanecer firmes na caminhada e proucuram aproximar outros jovens que estão afastados da comunidade ou se sequer sabem o que é e o que faz um grupo de jovens da igreja católica. Dos que se achegam, quase sempre com pouca experiência de fé, vários são de igrejas evangélicas. É muito gratificante sentir a preocupação dos nossos jovens em fazer com que os seus convidados conheçam Jesus Cristo e possam partilhar a alegria e o sentido de pertença á nossa comunidade de fé.
O novo rosto da paróquia
“estamos ansiosos”
Os jovens dizem que estão ansiosos, empolgados, correndo atrás de recursos para participar da jornada mundial da juventude-2013, no Rio de Janeiro e lá vivenciar essa experiência única em sua vida. Desde já pedimos a intercessão do bem-aventurado João Paulo II, idealizador desse periódico encontro da juventude do mundo inteiro com o papa, e de santa Maria Goretti, ambos padroeiros da juventude, para que ajudem os jovens da Juventude Goretiana (como eles mesmo se identificam) a realizar o sonho longamente acalentado.
Fascínio e desafio
O trabalho com jovens é fascinante e, ao mesmo tempo, desafiante. Em alguns momentos, experimentei o cansaço e certa “frustração” diante das expectativas que tenho e que, ás vezes, perdem-se diante da inconstância de alguns. Há ocasiões em que eles parecem querer transformar o mundo; em outras, não querem saber de nada. O que importa é aprender a lidar com isso na base da paciência. É necessário exigir deles a responsabilidade que carregam como cristãos e o compromisso que assumem nas comunidades e nos grupos. Mas, quantos momentos bonitos, legais e engraçados vivenciamos juntos!
Eles são de uma espontaneidade e versatilidade incríveis e possuem o desejo muito grande de fazer experiência de Deus em suas vidas. São alegres por se sentirem parte de uma comunidade cristã. Quando estimulados a uma causa, dedicam-se inteiramente a ela. Alguns parecem ser até mais dedicados de que eu mesma e são de uma doação tão grande que, copiando o seu exemplo acabo aprendendo a reclamar menos.
Na autenticidade,o segredo
Essa é minha primeira experiência de trabalho pastoral. E garanto que esta sendo de uma riqueza enorme.Achava que, para trabalhar com jovens eu deveria ser extrovertido, saber dança, falar muito; enfim,ser desinibida e espontânea, coisas que não sou. A experiência tem me mostrado que estava enganada. Não preciso mudar o jeito de ser para me fazer um a com eles. Esta é uma experiência mais serena que estou vivendo. Eles respeitam meu jeito e nunca me cobraram o que eu não consigo dar ou ser.
Aprendi que os jovens não querem alguém que os imite, igualzinho a eles, que use as gírias deles, que aja como ele. Não! Eles querem um referencial que seja diferente, alguém com quem possam se aconselhar, confortar-se e, de alguma maneira,saber se estão no caminho certo ou não. Sei que eu preciso me atualizar sempre e estar por dentro das coisas que eles curtem, tanto na vida real quanto na virtual, ter uma linguagem coerente. Portanto, não basta somente estar com eles, é preciso saber orientá-los e transmitir-lhes algo mais profundo. É disto que eles precisam.
Rezem por mim e pelos jovens de mundo inteiro.
Irmã Bianca, Mádl,
Trabalha em Belém-PA
Fonte: Revista "Mundo e Missão"
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