"Permaneçamos unidos na fé", pediu Bento XVI aos fiéis reunidos no Vaticano


"Não tenhamos medo de enfrentarmos também nós a combate contra o espírito do mal", encorajou Bento XVI durante a catequese antes da oração mariana do Angelus.


Manhã de inverno, fria e enevoada, em Roma, neste primeiro domingo da quaresma, com um tépido sol que pouco a pouco se foi manifestando. Após 10 dias do anúncio da renúncia de Bento XVI ao trono de Pedro, milhares e milhares de fiéis, sobretudo romanos, se concentraram na praça São Pedro, para este penúltimo encontro dominical do Angelus do pontificado do Papa Bento XVI. Presente também o presidente da câmara da cidade, com vereadores e os estandartes municipais.

Depois da recitação das ave-marias, a concluir as saudações em diversas línguas, Bento XVI agradeceu aos numerosos presentes na praça de São Pedro, mais este "sinal de afeto e de presença espiritual", "manifestado nestes dias". "Estou-vos profundamente grato". Um especial "muito obrigado" reservou-o o Papa às autoridades municipais de Roma e a "todos os habitantes desta amada cidade".

A concluir, para além de desejar a todos bom domingo e boa caminhada quaresmal, Bento XVI recordou os exercícios espirituais que iniciará ao fim do dia, juntamente com os responsáveis dos principais organismos da cúria romana. "Permaneçamos unidos na fé", foi o pedido dirigido a toda a multidão, que o aplaudiu longamente.

No momento de iniciar o seu ministério público, "Jesus teve que desmascarar e rejeitar as falsas imagens do Messias que o tentador lhe propunha". Aliás, "estas tentações são também falsas imagens do homem, que em todos os tempos insidiam as consciências, disfarçando-se de propostas convenientes e eficazes, e porventura até mesmo boas. Três as tentações propostas pelos evangelistas Mateus e Lucas: "O núcleo central (destas tentações de Jesus) consiste sempre em instrumentalizar Deus para os próprios fins, dando mais importância ao sucesso ou aos bens materiais".

O tentador é insidioso: não impele diretamente ao mal, mas a um falso bem, fazendo crer que as verdadeiras realidades são o poder e aquilo que satisfaz as necessidades primárias.

"Deus torna-se secundário, fica reduzido a um meio, em última análise torna-se irreal, deixa de contar, dissipa-se. Em última análise, nas tentações está em jogo a fé, porque está em jogo Deus. Nos momentos decisivos da vida - mas, bem vistas as coisas, em cada momento - estamos perante uma encruzilhada: queremos seguir o nosso eu ou Deus - o interesse individual ou o verdadeiro Bem, aquilo que realmente é bem?".

Quase a concluir a sua catequese, antes da oração mariana deste domingo, Bento XVI recordou ainda que, para os padres da Igreja, as tentações fazem parte da "descida" de Jesus na nossa condição humana, no abismo do pecado e das suas consequências. Uma "descida" que Jesus percorre até ao fim, até à morte de cruz e até aos "infernos" do extremo afastamento de Deus. É precisamente assim que Ele é a mão que Deus estende ao homem, à ovelha extraviada, para a trazer a salvo. Não tenhamos medo de enfrentarmos também nós a combate contra o espírito do mal: o importante é que o façamos com Ele, com Cristo, o vencedor.

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