O GLORIFICADOR GLORIFICADO

SÉCULO X - WORMS (ALEMANHA)

       Oto I, imperador germânico, tinha convocado todos os príncipes do império á cidade de Worms, para uma reunião geral, e Venceslau, duque soberano da Boêmia, que também tinha sido convocado, achava-se no dia marcado na cidade, mas antes de ir ao palácio, quis ouvir a Santa Missa.

              Celebrava-se esta solenemente, pelo que prolongou-se o tempo de sua permanência na igreja. Os príncipes já estavam reunidos, e como só faltasse Venceslau, interpretando mal aquela demora,  conceberam a suspeita de que ele atrasava sua chegada para ser recebido por aquele nobre Congresso com atos de reverência e respeito.

Para humilhar, pois, a suposta vaidade do duque, combinaram entre si que, quando ele chegasse, ninguém se moveria de seu lugar nem se mostraria atencioso com ele. E como se isso não bastasse, ainda persuadiram o Imperador a também se abster de qualquer demonstração de cortesia e respeito em relação ao duque da Boêmia.

Mas o Senhor, que Se ria daqueles néscios e queria recompensar e honrar Venceslau como insigne glorificador do Santíssimo Sacramento, fez com que as coisas seguissem caminho muito diferente.

Aconteceu que o Imperador viu Venceslau entrar pela porta do grande salão acompanhado por dois belíssimos Anjos, resplandecentes como o sol, colocados um à direita e outro à esquerda do Santo, fazendo-lhe corte. Tomado por uma grande admiração, Oto levantou-se do trono, desceu os degraus e, atravessando a sala, foi receber São Venceslau. Fez-lhe uma profunda reverência, tomou-o cortesmente pela mão e o conduziu ao trono, para que ocupasse o primeiro lugar à sua direita.

Os príncipes que presenciaram a tudo isso, levantado, atônitos por tais demonstrações de honra inesperadas, olhavam-se fixamente uns aos outros, sem saber a que atribuir aquilo que estavam vendo. O imperador, notando a surpresa daqueles nobres cavalheiros por haver se excedido tanto em honrar a Venceslau contra a expectativa de todos, disse que se maravilhava sobremaneira de que eles não tivessem visto os prodigiosos resplendores que ao seu redor espargiam os celestiais espíritos.

Cheios de admiração ao ouvir isso, os príncipes se inclinaram humildemente diante de Venceslau e, confessando a culpa se seu temerário juízo, pediram-lhe perdão.

Oto concebeu tanta benevolência e veneração para com o santo duque, que lhe obsequiou com muitos preciosos dons e lhe concedeu o título de Rei, côo o direito de colocar em seu escudo o símbolo heráldico imperial da águia em campo de prata.

Foi assim que Deus quis premiar, já na terra, a singular piedade de Venceslau para com o Divino Sacramento.

(Pe. Pedro Laurenti S. J., Le Meraviglie Del SS. Sacramento, p. 126)

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