MEU PASSADO ME CONDENA

Xuxa no Clube da Criança - TV Manchete. #vergonhaalheia

Quase todas as pessoas carregam consigo lembranças que preferem esquecer. E, eventualmente, algumas destas lembranças podem despertar o sentimento de culpa e vergonha. Esta “dor moral” tem o seu lado bom: serve pra que tenhamos um verdadeiro arrependimento de nossos erros e para que desejemos nunca mais tornar a cometê-los. Só as pessoas desonestas, cínicas, degeneradas ou psicopatas não sentem remorsos pelo mal que fizeram.

Por outro lado, a culpa e a vergonha são maléficas se persistem em atormentar a pessoa mesmo após a Confissão, pois levam à tentação do desespero; partem da falta de confiança na misericórdia divina, da falta de fé no poder de Deus de abençoar e restaurar todas as coisas. Assim aconteceu com Santo Inácio de Loyola, nos primeiros tempos após a sua conversão: apesar de feito uma confissão meticulosa de seus pecados, alimentava grandes escrúpulos e sofria muito ao pensar em sua vida passada. Apaixonado pelo Cristo, mas ainda imaturo no caminho da fé, chegou até mesmo a pensar em suicidar-se. O santo livrou-se destes pensamentos nefastos graças à sua fidelidade e à oração fervorosa:
“Socorre-me, Senhor! Pois não acho nenhum remédio nos homens, nem em criatura alguma!’ Estando nestes pensamentos, vinham-lhe muitas vezes tentações, com grande ímpeto, para lançar-se de um buraco grande (…), junto do lugar onde fazia a oração. Mas sabendo que era pecado matar-se, voltava a gritar: ‘Senhor, não farei nada que te ofenda!” (1)
Um cristão sincero que tenha se purificado por meio de uma boa Confissão não tem mais motivos para ficar arrastando correntes, como se fosse uma alma penada. É um homem novo, que pode desfrutar com alegria da amizade com Deus. Portanto, se algum dia você dançou ao som do É o Tchan (ah, ordinário(a)!), cortou o cabelo igual ao do Xororó na década de 90 ou bebeu demais e deu uma de “Ronaldo comprando Kinder Ovo”, FORGET IT! O que passou, passou! Reflita, confesse-se com um sacerdote, penitencie-se, aceite com paciência as penas que o Senhor lhe enviar e siga em frente, com o coração livre.
Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo! Tudo isso vem de Deus, que nos reconciliou consigo, por Cristo, e nos confiou o ministério desta reconciliação.
Porque é Deus que, em Cristo, reconciliava consigo o mundo, não levando mais em conta os pecados dos homens, e pôs em nossos lábios a mensagem da reconciliação. (II Cor 5, 17-19)
As pessoas mal resolvidas com os erros de seu passado, em geral, sentem-se incapazes de percorrer o caminho da santidade, e justificam sua “eterna” apatia e mediocridade espiritual com uma pseudo-humildade: “ah, eu não sou capaz, já fiz isso e aquilo na vida”. Isso não é humildade, isso é medo de se entregar de vez nas mãos do Senhor e deixar que Ele seja o Senhor da sua vida; é desconhecer ou desconfiar das promessas que Ele fez aos Seus filhos:
Assim diz o Senhor Javé: Eu vou reunir-vos do meio dos povos, vou juntar-vos de todos os países para os quais fostes levados, e dar-vos-ei depois a Terra de Israel. Logo que lá chegardes eliminareis dela todos os ídolos e abominações.
Dar-lhes-ei um coração íntegro, e colocarei no íntimo deles um espírito novo. Tirar-lhes-ei do peito o coração de pedra e dar-lhes-ei um coração de carne. Tudo isto para que sigam os meus estatutos e ponham em prática as minhas normas. Então eles serão o meu povo, e Eu serei o seu Deus. (Ez 11,17-20)
Portanto, se fez merda, dá descarga e manda a bosta embora. Desapega! Não fica lá parado, contemplando a cagada, remexendo, revirando… Eca!


Nota:
(1) Autobiografia de Inácio de Loyola (tradução e notas Pe. Armando Cardoso, SJ), Edições Loyola, 1991. pp. 36-37

Fonte: O Catequista

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