Grupos Jovens: servindo à Igreja em harmonia com o pároco, sem desafinar


O Guilherme Souza, do blog Pensar Pensamentos, é catequista e coordenador da Pastoral da Juventude – PJ (“não faça cara feia, somos diferentes! pode acreditar!”) na Diocese de Marília/SP. Ele nos enviou algumas perguntas, e algumas delas apresentamos aqui.

- O que se deve ter em um grupo de jovens que pensa antes em SER Igreja do que ser mais a bandeira de uma pastoral, movimento?

Vou resumir a resposta em quatro termos, e depois explicar cada uma. Um grupo jovem (do tipo “PJ”, não ligado a qualquer movimento) deve ter: objetivos, caminho, humildade e liderança adequada.

OBJETIVOS

O grupo precisa ter claro quais são os seus objetivos e como eles serão alcançados. Será um grupo voltado para desenvolver a espiritualidade de seus membros? Será um grupo voltado unicamente para o serviço (apoio às pastorais da paróquia, caridade junto aos pobres etc.). Ou será um grupo que une os dois aspectos, espiritualidade e serviço?

Se ficar definido que o grupo será voltado exclusivamente para o serviço, é importante especificar que tipo de serviço será prestado (visita aos doentes no hospital, auxílio à catequese etc.) e com que regularidade.

CAMINHO

Já se o grupo jovem se propuser a promover a espiritualidade de seus membros, é FUNDAMENTAL que fique claro de qual fonte irão beber e qual metodologia de trabalho irão utilizar, ou seja, qual caminho seguirão para alcançar a meta definida.
  • Farão estudos bíblicos?
  • Estudarão os discursos e homilias do Papa?
  • Estudarão os escritos de algum santo?
  • Cantarão músicas? De que tipo?
São mil e uma possibilidades. Mas é importante se ater a uma linha de abordagem da fé cristã e a uma metodologia, para que o grupo possa ter foco e identidade.

Esses pontos, após definidos, devem ser registrados no papel, como uma espécie de estatuto. Isso ajuda o grupo a ter mais estabilidade e continuidade em suas atividades, ainda que a coordenação mude. Encontrei um bom exemplo de estatuto na Internet, é de um grupo chamado Jupec – clique aqui para ver (neste documento, pra mim, só não ficou clara qual é a identidade espiritual do grupo e a metodologia de trabalho eles usam em seus encontros e atividades).

HUMILDADE

Quanto à preocupação em “ser Igreja”, é preciso uma contínua atenção para que o grupo seja continuamente solícito e obediente ao pároco e, eventualmente, ao padre por ele designado para cuidar da direção espiritual do grupo. Aí entra a humildade.

LIDERANÇA ADEQUADA

Especialmente se o grupo for voltado para a formação espiritual, a pessoa que lidera as reuniões e atividades, ainda que seja jovem, deve ter um bom conhecimento teológico, e também uma fé madura.

Por falta de uma liderança adequada, boa parte dos grupos jovens são espiritualmente insossos e pouco acrescentam aos seus participantes. São mais clubinhos de católicos amigos do que qualquer outra coisa. Não ajudam ninguém a aprofundar as razões da própria fé e nem tampouco iluminam o caminho para que o cristianismo seja vivido de forma corajosa e pública, fora das paróquias, no cotidiano.

- Qual a finalidade de se ter um grupo de jovens na paróquia?

Como dito antes, a finalidade do grupo jovem pode ser definida pelas lideranças do grupo, sendo depois exposta à aprovação do pároco. Mas, se quer uma opinião… Creio que um grupo jovem pode ser, na paróquia, um centro inicial de atração, de acolhida e de evangelização para os jovens, que, com o tempo, fluirão para outros movimentos e pastorais da Igreja.

Em geral, o grupo jovem marca o período de transição das pessoas para grupos de espiritualidade mais bem estruturada. Não estou dizendo que os grupos jovens, necessariamente, possuem uma espiritualidade rasa, mas é muito difícil que um grupo de caráter transitório (ninguém é jovem pra sempre, certo?) tenha uma proposta de formação espiritual consistente a ponto de sustentar uma pessoa por muitos anos.

Isso não é um defeito, mas é uma característica comum aos grupos jovens: a transitoriedade. Este aspecto não diminui em nada a sua importância, já que, sem esses grupos, muitos jovens ficariam sem referências e não teriam oportunidade de criar vínculos dentro da paróquia, deixando logo de frequentá-la.

O que vou dizer agora pode parecer óbvio, mas, acreditem, é importante ressaltar: GRUPO JOVEM É PARA JOVENS!!! Se você já tá passou dos 25 anos há alguns carnavais, esse tipo de grupo não é para você. Já vi muitos coordenadores estimulando a frequência de adultos (até coroas) em grupos jovens, visando “fazer número” e inchar o grupo. Assim, os encontros acabam perdendo a eficácia na reflexão do cristianismo aplicado ao cotidiano do jovem.

Por que será que o grupo se chama “jovem”? Pra reunir um monte de gente de 30 e 40 anos é que não deve ser! Então, se você é adulto, não se deixe vencer pela Síndrome de Peter Pan e busque um grupo mais adequado à sua realidade.

- Por que muitos sacerdotes ainda têm medo?

Quanto à eventual resistência de alguns padres: isso surge, muitas vezes, da falta de humildade da coordenação do grupo jovem. Muitos coordenadores querem agir de forma independente, como se não fizessem parte de um corpo, e como se não devessem satisfações ao pastor que está à frente da paróquia.

Se, desde a criação do grupo, os seus objetivos e o seu método de trabalho for apresentado à apreciação do pároco, certamente muitos conflitos, desconfianças e incompreensões serão evitados. Caso a paróquia receba um pároco novo, é importante que o grupo apresente a ele o seu estatuto e se mostre disponível para ajudar e obedecer no que for necessário.

Fonte: O Catequista

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